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Pastor Metodista Wesleyano, Escritor, Professor, Bacharel em Teologia, licenciado em Pedagogia, Especialista em Bioética e Docência do Ensino Superior, Mestre em Teologia e Educação Comunitária

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Teopoética

"Talvez Deus mantenha alguns poetas a sua disposição,
(Vejo que digo poetas), para que o falar sobre Ele
preserve a sacra irredutibilidade que os
sacerdotes e teólogos
deixaram escapar de suas mãos." Kurt Mart


Carlos Drummond de Andrade e Mário Quintana 
(Praça da Alfândega em Porto Alegre RS)

TEOPOÉTICA
A unidade de pensamentos e exposições literárias, tem revelado a magnitude de enamoramentos remotos e científicos, técnicos, conceituais, teóricos e práticos que se espandem através de uma complexidade elementar de fusões existenciais e filosóficas.
A beldade da teopoética reflete o início de um matrimônio entre a teologia e a literatura, apesar de um namoro conturbado e ciumento. Isso por serem ambas apaixonadas pelo ser humano e seus contornos, sua multiplicidades de talentos, sua busca pelo Sagrado, pelos desejos, sonhos e realizações. A maturidade desta relação eleva a alma a excelente e sublime transcendência de culturas saberes e espiritualidades.
O transcrever sobre o Divino na sua interação com o humano, o relato em palavras e frases esculpido de diferentes formas das vivências do pensar sacramental em busca do Sagrado revelado e ao mesmo tempo ofuscado pela ação profana natural humanísta, se esbalda em textos, poemas, canticos, ritos, sendo este círculo rotineiro cheio de simbolos vitais, extremamente necessário para o ser humano auto-transcender-se continuamente. Está contido em sua alma personal, em seu cosmos existencial.
Voltando o olhar para o cristianismo, segundo uma das maiores referencias nesta área de vínculos da teologia e literatura o Prof. Dr.Antônio Magalhães, (Universidade Estadual da Paraíba), diz que justamente por ser fundamentada em literatura, a religião cristã deverá, ao lado do livro, sempre incluir a questão da memória e da narrativa.
Em seu livro: "Perguntaram se acredito em Deus" o sábio contador de estórias, o escritor, teólogo e filósofo, educador e psicanalista, Dr. Ruben Alves. Revela com leveza e profundidade, a relação entre escrever e ler, escritor e leitor. Este elo espiritualizado é comparado por ele ao mistério eucarístico, sendo o sangue e a carne transfigurada na palavra escrita do escritor e os seus leitores participaram desta comunhão sagrada, comendo a carne e bebendo o sangue do escritor, através da leitura de seus textos, dando-se o nome de antropofagia, não sendo um ritual gastronomico, mas sim o desejo de adquirir as virtudes do que estava sendo comido.
Ao observarmos este viés místico interpretativo, definimos toda esta magia de relações na oportunidade de granjearmos saberes e sabores, tornando-nos sacerdotes, portadores do Lógos Grafê, estamos inseridos num patamar existente de acolhedores das sementes alfabéticas de uma irmadade mística que mutuamente se comungam e diariamente se sacian. Comemos a carne e bebemos o sangue uns dos outros e dos nossos profetas literários, do passado e do presente, verdadeiros bispos ministradores da reflexão filosófico-teológica.
Na comunhão do escritor e do leitor emerge um diálogo que, na esteira de transmissões provocam a ética, a estética e a metafísca da leitura. Tornando as pessoas mais humanas, transformando a vida sócio-cultural, gerando ação benéfica em parte das gerações que estiveram afastadas da comunhão, corrompidas por falsos profetas, lobos em peles de cordeiros, sacerdotes ministradores da indigestão literária, agonizantes, legalistas, fundamentalistas, depreciáveis, adornados de manipulações dos símbolos sagrados, que trouxeram caos, dor e sangue nos anais da história.
No momento em que sentamos a mesa da comunhão para cearmos, ouvimos o sacerdote dizer: "Fazei isto em memória de mim". I Co.11:24b, a ceia conclama para o despertar da mente, o ato de comer a carne e beber o sangue do escritor contido no texto agussa a memória, desperta lembranças, retoma ao passado no momento presente e arremete ao futuro, como um suntuoso museo sofisticado, que comtemplamos e refletimos o presente e futuro. Da mesma forma lemos: "Examine-se pois o homem a si mesmo e assim como do pão e beba o cálice I Co. 11:24b. No momento da comunhão o auto-exame, o julgamento de si próprio, em forma de analise pessoal, vai produzir a reflexão interior e o discernimento. A palavra grega para "examinar" é dokimazetõ que significa "testar como a metais", como na época faziam os negociantes, jogavam a moeda para cima e deixava ela cair numa pedra, de acordo com o som, o tilintar que a moeda transmitia, eles reconheciam de que metal eram cunhadas e seu real valor. "Pois quem come e bebe sem discernir o corpo, come e bebe juizo para si ".I Co.11:29. Um discípulo chamado Judas comeu o pão e bebeu o vinho sem discernir, sem administração sensata interior, alimentando de vaidade e desejo infiel, resultando em consequencias drásticas, falência da moral, mente conturbada, remorso e não arrependimento, enfim morte. Recebendo o título de pai dos traidores. É preciso, que a consciência de cada individuo verdadeiro e singular, insofismável seja devidamente educada, a consciência precisa ser plena e precisamente educada.
Já uma avaliação deste discernimento consciente pluriformalista da comunhão, através das leituras que informam e educam o fiel leitor no sentido de o despertar para uma existência sadia, faz parte do desenvolvimento da maturidade cultural humana.
Todo leitor é criador de pensamentos e de obras criativas, não é somente recipiente de conteúdos é um ser dinâmico, recepiciona e emite.
Existe uma pluralidade de caminhos traçados pelo homem, que ao mesmo tempo se entrelaçam numa dependência múltipla de pensamentos, reflexões e registros. O ser humano que somos tem a nessecidade do Sagrado, da interação com o Divino. A história, os contos, as lendas, as fábulas, os ritos e as culturas de um modo geral revelam isto.
O pão e o vinho é a representação do Deus Sagrado Homem sentimental , neste mundo profano carnal materialista. A literatura sentimental humana bebe na fonte da teologia popular divinizada e se mistura a altura do balbuciar dos povos e suas redações, escrituras, tratados éticos e as mais diversas manifestações literárias existentes que sempre revelam este tom sacramental existencialiasta de se emergir e existir como nação, povo, raça, humanos em suas culturas.
Literatura e teologia, humano e Divino, profano e sagrado, pão e vinho, corpo e sangue, morte e vida. Tudo em comunhão, um comunga com o outro, interação e respeito, uma performace da escrita que revela o transcendente nos detalhes do cotidiano das gerações. Esta unidade faz brotar a amplitude de liberdade das vias possibilitadoras da teopoética, que aprecia a revelação da arte e também reverencia a beleza em sua naturalidade.
*Frâncel Marzork