Quem sou eu

Minha foto
Pastor Metodista Wesleyano, Escritor, Professor, Bacharel em Teologia, licenciado em Pedagogia, Especialista em Bioética e Docência do Ensino Superior, Mestre em Teologia e Educação Comunitária

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

DEGUSTAÇÃO TEXTUAL

Deus escolheu um Poeta
(Base - I Samuel 16)
- PARÁFRASE -


Narram os sábios em suas estórias, que em uma época em que as tribos israelitas eram conduzidas pelo último dos Juízes e primeiro dos profetas chamado Samuel, homem de espírito profundamente piedoso, intimo de Deus, de grande discernimento espiritual, que se dedicava por inteiro e com zelo a realização dos propósitos do Senhor Deus para o bem de Israel. Neste tempo as tribos se reuniram para um pedido, após observar as nações vizinhas sentiram vontade de serem guiados não mais por um governo teocrático, mas assim como as outras nações eram, por um governo monárquico, por um homem guerreiro, forte, inteligente.
Samuel não vai a favor desta proposta, mas apesar de toda sua objeção, pois para ele Deus seria sempre o único governante que o povo necessitava. Mediante a petição vibrante das tribos o profeta clama por Deus e lhe pede um sinal. Este sinal aponta para um guerreiro benjamita, filho de Quis, chamado Saul, ele não era fruto do coração de Deus mas do pedido do povo, homem que se destacava em sua época, de estatura alta e formoso em aparência. As vitórias por ele concedida a Israel revelou sua bravura, liderança e o povo o acolheu como rei. Saul foi ungido por Samuel como rei de Israel e trouxe com ele as vitórias sobre povos filisteus, amonitas.
Apesar de ser um guerreiro, as aparências se enganam, revelou-se um homem imaturo diante as pressões dos filisteus e as contendas entre as tribos. Saul buscou com arrogância posições que não lhe era permitida, violando até leis mosaicas. O reinado de Saul entrou em decadência, Deus o rejeitou, o profeta Samuel não mais o apoiou e levantou-se para ungir um novo rei para Israel.
Então o Senhor disse a Samuel:
- Enche um chifre de azeite e vai à casa de Jessé o belemita, porque dentre os seus filhos me provi de um rei.
Foi-se o profeta para sacrificar ao Senhor e ungir um novo rei na casa de Jessé. Era a chegada de um grande homem de Deus na cidade de Belém, os anciãos ficaram preocupados com a presença do profeta e perguntaram se era de bem sua visita. O profeta Samuel convoca-os a santificarem e participarem juntos com Jessé e seus filhos do sacrifício ao Senhor.
Samuel ao entrar-se, deparou com Eliabe, sua beleza e altura despertou o profeta que pensou estar de frente para o escolhido, futuro rei de Israel. Mas Deus conhecendo seu coração disse ao profeta:
-Não atente para sua beleza, nem para sua altura, porque o rejeitei, não vejo como o homem vê, o exterior, mas olho para o extrato da alma, para o coração.
Assim os sete filhos de Jessé um a um passaram diante o profeta, foram rejeitados, todos, cada qual com suas características físicas, intelectuais, suas habilidades, em nenhum deles continha a essência que Deus buscava em seus corações. O Senhor Deus jamais desprezaria um coração contrito, quebrantado, que se expressa em espírito e verdade, na sua pureza e simplicidade.
Jessé havia preparado toda sua casa para receber o homem de Deus, o profeta Samuel, era um dia de expectativas na família, mas ao findar com o sétimo filho de Jessé a frente do profeta e ao ouvir Samuel dizer:
-O Senhor Deus não escolheu a nenhum destes.
Abateu-se o coração de Jessé e o de seus filhos, Deus os havia rejeitado. Samuel ficou sem entender o porquê então de estar ali, porque Deus o havia mandado ungir o novo rei de Israel na casa de Jessé? Depois de um espaço de tempo e angústia, como se Deus soprasse no ouvido de Samuel, ele pergunta a Jessé:
-Mas como pode? Mas..., acabaran-se os seus filhos?
Jessé abaixando a cabeça revela que ainda havia mais um filho, que era o mais moço e estava no campo das ovelhas pastoreando, então Samuel diz:
-Rápido, manda chama-lo, porque ele não foi preparado para minha chegada? Ele deveria esta aqui! Não assentaremos à mesa sem que ele venha.
Aquele garoto era especial, sonhador, gostava de cantar, dançar e não largava sua harpa que havia aprendido a tocar. Na sua simplicidade de ser era incompreendido pelos seu pai e seus irmãos, na verdade ele havia sido mandado para o campo das ovelhas porque era meio rejeitado pelos seus, mas Deus não o rejeitou, os olhos do Senhor estavam naquele campo sobre a sua vida. Quando os servos de Jessé chegaram ao campo para chamar o garoto, ao se aproximarem ouviram o dedilhar da harpa, então pararam atrás de um arbusto para ouvi-lo, sabiam que o garoto estava triste, pois ainda cedo antes de sair para o campo ele viu os preparativos e a alegria de seus irmãos e desejava estar junto com eles, mas foi enviado ao campo das ovelhas pelo seu pai. E o garoto, pequeno pastor, enquanto as ovelhas pastavam junto aos ribeiros de água ele tocava sua harpa derramando lágrimas, e olhando para o céu começou a recitar um poema:

(Salmo 23)
“O Senhor é o meu pastor e nada me faltará
Ele me faz repousar em pastos verdejantes. Leva-me para junto da águas de descanso;
Refrigera-me a alma. Guia-me pelas veredas da justiça por amor de seu nome.
Ainda que eu ande pelo vale da sombra da morte, não temerei mal nenhum, porque tu estas comigo: a tua vara e o teu cajado me consolam.
Preparas-me uma mesa na presença dos meus adversários, unges-me a cabeça com óleo; o meu cálice transborda.
Bondade e misericórdia certamente me seguiram todos os dias da minha vida; e habitarei na casa do senhor para todo sempre”.

Os servos de Jessé sentiram uma grande paz de espírito ao ouvirem o garoto, um servo ficou com as ovelhas e o outro acompanhou o garoto até sua casa, levando-o na presença do profeta. Ao entrarem, Samuel ficou como parado por alguns minutos olhando para o garoto, ele não era alto, forte, destacado como os outros, mas havia nele algo diferente. O garoto franzino tinha uma beleza encantadora, doce, rosto delicado, ruivo de belos olhos.
Assentado ainda e olhando nos seus olhos o profeta Samuel disse:
-Qual é o teu nome garoto?
Jessé ainda não havia falado o nome do garoto para Samuel e nem Samuel havia perguntado, isso pelo fato de estarem meio apreensivos com a situação e a espera pela sua chegada.
E o garoto então respondeu ao profeta com sua voz meiga e suave:
-Senhor, me chamo Davi.
Samuel ainda sentado meio surpreso e com os olhos fitos no garoto, Deus o despertou lhe dizendo:
-Levanta-te! , e unge-o, que você está esperando? , pois este é ele, ele mesmo.
Tomou o profeta Samuel o Chifre do azeite e o ungiu no meio de seus irmãos e daquele dia em diante o Espírito do Senhor se apossou de Davi.
Davi o poeta do Senhor. Ainda jovem enfrentou animais ferozes para defender as ovelhas de seu pai, enfrentou gigante e grandes guerreiros de batalhas, tocava sua harpa e cantava para que espíritos perturbadores deixassem Saul. Tornou-se rei de toda Israel, venceu grandes guerras, ao conseguir trazer a arca perdida despiu-se das vestes reais e dançou somente vestido de uma estola sacerdotal em frente os carros, tamanha era sua pureza e alegria, aqueles que o criticaram foram amaldiçoados. E como qualquer ser humano, pecou terrivelmente, cobiçou, adulterou, praticou homicídio, perdeu o controle de sua família, passou por inúmeros problemas com seus filhos. Davi, no entanto tinha uma capacidade imensa de constrangimento intrínseco e arrependimento genuíno, assumindo suas faltas, talvez este seja o motivo de ser chamado na bíblia de: “O homem segundo o coração de Deus”. A essência de um coração poético, suas reflexões, seu imenso amor a Deus, o fez transpassar todos os seus problemas e inspirou-lhe a compor várias canções, salmos e poesias. Instruiu seu filho Salomão a guardar os preceitos de Deus e entregou o seu reino a ele, que se tornou também um homem de tamanha sabedoria nas diversas áreas do conhecimento, que vinham pessoas de todas as partes para conhecê-lo. Foi grande escritor de Salmos, provérbios e poemas românticos. Mas esta é outra história.
Sendo, pois, Davi já velho e farto de dias, envolviam-no com cobertores e roupas de cama, mas não se aquecia. Então os seus servos resolveram procurar uma jovem donzela para que cuidasse dele e dormisse nos seus braços, aquecendo seu corpo com o calor de seu abraço, dos seus seios e suas coxas. E achou uma jovem sunamita de nome Abisague, linda, formosa e delicada, porém o rei não a possuiu. Ela o cuidou carinhosamente até que ele descansou, foi sepultado junto aos seus pais na Cidade de Davi e Salomão seu filho assentou no seu trono.
O Senhor Deus prometeu que a descendência do poeta Davi jamais deixaria o trono de Israel (II Sm.7:12-17). Esta promessa se cumpre, precisamente, naquele que recitou o poema de palavras imortais conhecido como “Sermão do Monte”:

Sermão do Monte
As bem-aventuranças

Bem-aventurados os pobres de espírito, porque deles é o reino dos céus.
Bem-aventurados os que choram, porque serão consolados. Bem-aventurados aqueles que são brandos e pacíficos, porque herdarão a Terra.
Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque serão saciados.
Bem-aventurados aqueles que são misericordiosos, porque alcançarão misericórdia.
Bem-aventurados aqueles que têm puro o coração, porque verão a Deus.
Bem-aventurados os que sofrem perseguição pela justiça, porque o reino dos céus é para eles.
Bem-aventurados sois quando, por minha causa, vos injuriarem e vos perseguirem e, mentindo, disserem todo mal contra vós.
Regozijai-vos e exultai, porque é grande o vosso galardão nos céus; pois assim perseguiram aos poetas profetas que viveram antes de vós.
(Mateus, 5, 1 a 12) (parafraseando)

Cumpriu-se naquele que em meio a um deserto jejuando e orando por quarenta dias para não cair em tentação, no momento em que sua necessidade física era se alimentar comer. Sendo Ele Filho de Deus rejeitou a proposta do Diabo para transformar as pedras em pães e disse:
“Está escrito: Nem só de pão viverá o homem, mas de toda poesia que sai da boca de Deus”. Lucas 4:4 (parafraseando)

O Poeta Jesus, segundo a genealogia, era o herdeiro presuntivo da coroa de Judá (Mt.1:1-17). Por isso encontramos essa revelação nos corações das pessoas mais simples da palestina nas histórias bíblicas, como o cego Bartimeu, que ao perceber o fluxo de pessoas passando por ele e ao descobrir que era devido à presença de Jesus, ele gritou, tentaram cala-lo, mas ele não queria perder aquela oportunidade de ser abençoado. E a frase que exclamava em alta voz, revelava em seus lábios o cumprimento da profecia, ele gritava:
- Jesus “Filho de Davi”, tenha compaixão de mim.
E os seus olhos foram abertos e enxergou o Rei, o Poeta Jesus que escrevia seus versos no chão e no coração da humanidade.
*Frâncel Marzork

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Deixe aqui seu comentário

Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.