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Pastor Metodista Wesleyano, Escritor, Professor, Bacharel em Teologia, licenciado em Pedagogia, Especialista em Bioética e Docência do Ensino Superior, Mestre em Teologia e Educação Comunitária

quarta-feira, 7 de abril de 2010

POESIA


MEU SUICÍDIO

Eu peguei o revólver
Eu quis revolvere,
Revolver a atual vida
Revirar, dar a volta


Eu dei um tiro em meu ouvido
Eu ouvi, em alto e bom som
Audição capta para alma
A morte que entra pelos tímpanos


Hoje eu precisava morrer
Morrer para viver melhor
Morrer para nascer de novo
Morrer para recomeçar


Eu apontei para minha cabeça
“Cabeça” que pensa
Tudo começa no pensamento
Apontei para a mente


E olhei para o espelho
E disse para mim mesmo
Você precisa morrer agora
Puxei o gatilho e faleci


Matei-me de uma vez por todas
Desfaleci e caí
Hoje foi o dia da minha morte
Porque precisava morrer


Oh! Doce morte
Morte oportuna
Morte visionária
Morte necessária!


Suicídio! Suicida!
Agora eu faço meu velório
Só eu e meu corpo
Mas não há choro, já ouve


Só aguardo o tempo necessário
O momento é de transição
Ritual imaginário de passagem
Tempo de silêncio e escuro


Olho para este corpo e lamento
Poderia ter sido diferente
Poderia ter sido...
Escolhas, opções, decisões...


E a vida nos empurra para morte
Diz o ditado
Para morrer,
Basta estar vivo


Antes que a morte chegasse
Eu precisei me matar
É a morte que nos tira da morte
Trocadilho espiritual Paulino


Antes que ela me levasse
Eu a ritualizei
Na minha consciência
Eu a fiz acontecer sem inocência


Vivenciei o trágico
Para não assustar,
Com a maneira trágica
De ela chegar


Um tiro no ouvido ou dar ouvidos?
Na cabeça ou na mente?
Atingiu o cérebro ou o pensamento?
Sei que foi urgentemente necessário


Enquanto muitos fogem dela
E tragicamente se encontram
Eu a valorizei e a quis
E fui consciente ao encontro


Quando ela vier fora da mente
Eu estarei bem melhor para recebê-la
Se a morte me pega antes do meu suicídio
Hoje eu estaria morto


Neste meu velório me ponho a pensar
Morte matada, morte morrida
Morte pensada, morte suicída
Não me fingi de morto para viver


Não brinquei com a morte
Simplesmente morri,
Mas sem sentir o cheiro do luto
Sem fechar os olhos para a vida


A morte me oportunizou
O deixar de existir
E o existir derrepentemente
Simplesmente morte bendita


Eutanásia mental
Morte transcendental
Morte de verdade, resiliente
Não morte aparente


Morte como remédio para a vida
Morte para ser vivida
Hoje foi o dia da minha morte
Eu o carrego, defunto, o eu


Deixei de existir
Não sou mais eu
Eu morri
Estou morto e permanecerei


Existe o novo
Que brotou da morte
Novo que anda
Que chora e sorri


Agora mesmo,
Pós-morte, nesta hora
Mente, vida, direção, reação...
O pensar, repirar é o simples fato de viver


Estou vivo
Por isso hoje morto
Estou morto
Por isso hoje vivo

Todos pertecem a vida
Morte e nascimento
Na história 
Em construção do momento.

*Frâncel Marzork

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