Quem sou eu

Minha foto
Pastor Metodista Wesleyano, Escritor, Professor, Bacharel em Teologia, licenciado em Pedagogia, Especialista em Bioética e Docência do Ensino Superior, Mestre em Teologia e Educação Comunitária

sábado, 6 de março de 2010

RAZÃO OU LOUCURA ?


A ESPIRITUALIDADE DA LOUCURA 
E O
CETICISMO DA RAZÃO

A loucura acaba sendo um estado de consciência sacralizado dentro do viés religioso, o santo é aquele que como se interpreta a palavra “hagios” é separado, sua estrutura de pensamento e ação é diferenciada das demais, nota-se sua loucura pelo seu modo de vivenciar o sagrado, que é o que tem mais valor na sua vida, é prazeroso sua confiança no Ser superior que rege e fundamenta sua vida. É comum hoje, não é de se estranhar encontrar um Phd num parque florestal procurando duendes, o fundamentalista religioso matando para defender seu deus e sua religião, não é mais deus que protege mas a ação de combate nutrida de sentimentos religiosos, que opõe-se ao progresso, ao avanço das ciencias, inpulsionado por um legalismo dogmático rígido e suas preocupações moralizantes. A loucura produzida no dia 11 de setembro de 2001, como relatou o teólogo Leonardo Boff, foi a revelação da fúria fundamentalista contra o Grande Satã através da detruição de simbolos da modernidade globalizada. A resposta a ofensiva islamica foi primitiva e fundamentalista em seus atos de guerra e extensa destruição de inúmeros civís, muitas crianças.

O fanatismo é a toca usada pelo fundamentalismo, que desrregra da sã consciencia, da lucidez inteligente, da liberdade e ofusca o brilho do respeito, da vida e do sentimento humano em sua tradição. Achamos loucura a forma de se vestir das mulheres de países islamicos, mas o que eles pensam da louca forma ocidental e da nudez em certos trages típicos da nossa pós-modernidade? São extremos diferentes, enquanto o oriental tem a tendencia de valorizar e espiritualizar a criação em seus aspéctos naturais, matas, animais, que se tornam expressões do sagrado, que devem ser resguardadas. Os ocidentais se emanam do espírito de exploração da natureza e consumismo, se é que hoje podemos pensar assim desta forma.

A loucura convertida é a religiosidade em sua forma domada, domesticada, controlada. Hoje o que mais se vê nas igrejas protestantes são uma nova classe de pessoas que tem o maior prazer de falar de suas loucuras passadas, são os (ex), ex-drogado, ex-prostituta, ex-traficante, ex-homosexual, ex-depessivo, ex-bruxo, e por aí vai. Testemunham suas transformações e se revelam numa nova forma de viver, são loucos por Jesus, viciados no “pó-der” de Deus, no “baseado” na Bíblia.

No passado uma pessoa evangélica era um pouco discriminada, ninguem ousava se passar por um, mas hoje virou moda, status, isso depois das conversões de famosos. Pessoas que tinham tudo e não eram felizes, mas acabaram encontrando a felicidade na louca maneira Cristocentrica de viver dos evangélicos.

Como cristão eu fico a observar os atos de Cristo sobre a face da terra, Ele próprio diz que: “Deus usou as coisas loucas deste mundo para confundir as sábias”, Jesus um homem que era chamado pela sociedade cheia da razão daquela época, de louco, glutão e beberrão de vinho. Que foi julgado por Simão, pelo fato de ter deixado uma prostituta enxer de beijos e carícias os seus pés, lava-los com suas lágrimas e enxugá-los com seus cabelos. Esse Jesus que vira as mesas dos cambistas, vendedores com suas barracas de bugingangas e animais em volta do templo, ele arranca o chicote e corre atras dos mercadores do templo expulssando-os, valoriza as mulheres numa época de desvalorização é tocado por uma mulher que era considerada imunda por ter uma hemorragia, cura no dia de sábado, come com pecadores, chama fariseus de hipócritas e a loucura da morte de cruz salva o mundo. A loucura de Deus é mais sábia que a sabedoria dos homens.

Enquanto os judeus esperavam um messias que ia liberta-los a base da espada, da força, da rebelião, Jesus chega com um discurso totalmente inverso, dizendo para orar pelos que vos perssegue, servi o inimigo, se lhe baterem na face, ofereça a outra para bater, isso é loucura, tem que ser muito louco para vivenciar esses princípios num mundo hodierno, tem que ser cabra macho para andar com Cristo na vida, como dizia o pequeno gigante da canção Nelson Ned: "carregar um Jesus pindurado no peito é fácil difício é ter peito para levar Jesus".

O apóstolo Paulo diz que morrer é lucro para ele, porque o viver para ele é Cristo. Se vive, vive para agradar e servir a Cristo e se morrer é vantagem por entrar na glória com o Salvador. Muitos cristãos morreram nas arenas de Roma, mas enquanto um morria na arena, milhares se convertiam nas arquibancadas.

O que dizer sobre a fé que é a certeza de coisas que se esperam e a convicção de fatos que não se vêem? Ter fé não é ter esperança com convicção?, é visualizar o não visto, como se já existisse, parece coisa de louco, mas é assim mesmo. Me lembro de ter lido um livro do Dr.David yomg Cho, que relatava sua experiencia de fé. Ele estava num comodo vazio e orou a Deus pedindo uma bicicleta, uma escrivaninha e uma cadeira, ele não tinha condições para comprar, mas mesmo assim detalhou seu pedido dizendo o modelo da bicicleta, o tipo da madeira da escrivania e a cadeira. Um dia ele fala para sua igreja que já tinha recebido estas bençãos que almeijava, pois entendia que pela fé já havia alcansado. As pessoas foram até sua casa para presenciar o que ele havia falado, então ele explicou que já havia recebido pela fé tudo aquilo, que estava grávido da cadeira, da escrivania e da bicicleta, tudo estava sendo gerado e gestado dentro dele pela fé e que em breve ele estaria vendo a concretização. E assim foi, ele recebeu o que queria da forma como havia discriminado, nos detalhes.

A razão tambem pega no pé da fé, tambem tem uma rincha com a fé, não é só com a loucura, por isso que na fé tambem existe uma grande parte de loucura.

Pesquisas científicas tem demonstrado que a fé é benéfica, até mesmo um número crescente de médicos tem participado de conferencias sobre fé. O excesso de razão fundamentalista científica gera aquilo que é contrário a fé, a incredulidade, que está impregnada na mente de muitos que se julgam intelectuais, detentotores da sabedoria. O camarada faz uma graduaçãozinha já se torna um juiz que julga e não respeitam as pessoas e suas atitudes de fé, mesmo se focem phds, infelizmente são facilmente contaminados pela incredulidade. A própria razão científica já está dando o braço a torcer para a loucura da fé. A falta de fé na maioria de situações é letal. A fé em atividade produz resultados os mais inesperados e surpeendentes possíveis, contribuindo para a qualidade de vida das pessoas, ela previne e até chega a curar, a recuperação é mais rápida pois ela estimula o organismo desencadeando reações positivas.

Os evangelhos estão cheios de expressões como: “Para aquele que tem fé tudo é possível”, “Vai a tua fé te salvou”. A fé é uma confiança racional, que em profunda reflexão e certeza, conta com o fato de que Deus é merecedor e digno de toda confiança, ter fé não é acreditar em si próprio, dizem por aí que: “Querer é poder”, isso é auto-suficiencia, humanismo. A fé são para os loucos que tem a certeza inequivoca de que Deus pode fazer.

Santo Agostinho disse: “Nisi Crediterites, Non Intelligetis”. Em latim quer dizer: “Se não crerdes não entendereis”. Na louca filosofia da fé, não adianta querer compreender para depois ter fé, pois a fé é a confiança nua e crua na ação Divina.

Mais uma vez o apóstolo Paulo ao escrever a sua primeira carta aos corintios diz: “Porque a palavra da cruz e loucura para os que perecem, mas para nós, que samos salvos, é o poder de Deus, porque está escrito: Destruirei a sabedoria dos sábios, e aniquilarei a inteligencia dos inteligentes, onde está o sábio? Onde está o escriba? Onde está o inquiridor deste século? Porventura Deus não tornou louca a sabedoria deste mundo? Visto como, na sabedoria de Deus, o mundo não conheceu na sua própria sabedoria, aprouve a Deus salvar os que creem pela loucura da pregação. (I Co1.18-21).” Afinal nem os loucos segundo a bíblia erraram o caminho.

Existe dentro do cosmos Loucura e Razão a extrema Loucura pela Loucura – O ser que domina a sua loucura vorazmente acaba sendo um escravo, que vive sob o julgo da razão. A loucura necessita de se alimentar de loucuras, se não ela vai se tornar uma razão elementar, quando a loucura não degusta seus sabores e não sacia sua fome apetitosa ela gera crises, depressões, insatisfações.

Há uma grande necessidade de se entender a loucura do ser, sua beleza, sua estética, sua dor, suas genialidades, seus anseios, é preciso estabelecer esta compreensão de suas formas existenciais. Não há como interpretar suas exposições sem se inserir mentalmente no ambiente, na história, para dissecar momentos em busca da razão da existência do afloramento louco no ser.

Me deparei com uma frase do Dalai Lama estampada num panfleto de propaganda de colchões magnéticos, que me despertou a reflexão por ser algo que estão patentes aos nossos olhos na rotina cotidiana da vida. Estava escrito que o ser humano, perde a saúde para juntar dinheiro, depois perde dinheiro para recuperar a saúde. E por pensarem ansiosamente no futuro, não vivem o presente e nem o futuro, vivem como se nunca fossem morrer e morrem como se nunca tivessem vivido. Essa é a forma louca de viver no sentido ruim ou é a opção forçada pela razão da vida, da sobrevivência, da ganância.

Não se olha mais para o céu, não se sobe mais em árvore, não se respeita mais a pessoa como pessoa, quando se fala em natureza, simplicidade, amor, parece papo de naturalista, ecologista, Zen. Foge a nossa realidade hoje, não se pode confiar em ninguém, hoje a razão diz que tem que confiar desconfiando, que loucura!
As famílias se trancam em suas casas que possuem toda sorte de tecnologia, se atrofiam nos relacionamentos pessoais sinceros e se entregam aos virtuais que povoam a mente de loucas fantasias. Quantos casais que vivem intensamente romances, traições no âmbito virtual, se satisfazem sexualmente, estão viciados no prazer on-line.

Há um êxodo dos campos rurais para o campo de batalha urbano, acaba se formando grandes favelas, desprovidas de segurança, saneamento. Com a falta de emprego, jovens se entregam ao tráfico de drogas, ao roubo, seqüestros, surgindo às fortalezas urbanas, verdadeiras Babilônias da modernidade, com seus muros rígidos, cercas elétricas e monitoramento 24hs como um Realit Show.

Para a população não surtar o governo tem que copiar os moldes da politica romana que forneceu pão e circo, é fome zero e show, diversão, nudez e futebol.

 O desejo da razão surtada pela loucura – A loucura de certa forma se torna tão atraente, chamativa, que o ser em se, a deseja em sua sã consciencia. Passa ter atração pela loucura, um fascínio inquietante o encomoda. Sua sã consciencia se sente intediada de suas rotinas, seus rituais, sua ação mecanizada. Então este ser passa a desejar a loucura como um caminho para sua transcendencia e libertação. Este desejo pelo estado de loucura é justamente a saída para não tornar a saúde psiquica doente, a pessoa se vê na linha da decisão para amenizar suas carencias, suprir as nessecidades de valorização de suas razões intimas.

A loucura no sentido de insanidade mental, tem todo amparo na lei . O incidente de insanidade mental visa perquirir se o indíviduo, no momento da ação ou omissão, tinha capacidade de entender a ilicitude do fato e agir de acordo com este entendimento. Objetiva, assim, aferir sua higidez mental, declarando-o imputável ou inimputável. Caso seja considerado inimputável, um dos elementos da culpabilidade estará afastado, não podendo se falar em aplicação de pena. Desta forma existe uma manipulação de dados e muito culpado que se passa por insano, se escondendo atrás da loucura, para sair ileso de suas culpas. Almejam a loucura como ponte para fuga das conseqüências de seus errôneos atos loucos.

Quantos loucos de carteirinha que não são doentes mentais, alguns aposentados, encostados, que não querem jamais sair do estado de loucura, ser louco gera renda, subsídio. Não querem ser curados, a loucura é a garantia de sua prebenda. Não são libertos nunca nas correntes de orações, ouvi dizer que um aposentado por insanidade mental havia ganhado como vice-prefeito de uma cidade, que loucura! Acho que foi caçado ou é conversa da louca oposição. Mas esta é a verdade quando a loucura é conveniente, ela passa a ser desejada, são loucos por continuarem a ser loucos. Se for preciso até babam, entram num estado depressivo iminente, para galgarem o laudo positivo das perícias, que virão como um diploma de conquista, pelo deplorável estado de suas faculdades mentais. Podem chegar ao ponto de usarem um modelito de última moda, a camisa de força. Após toda farsa da loucura exposta e a realização de seus objetivos, sejam eles financeiros, marketeiros, ou de impunidade, quando tudo acontece apoiado pela lei na dança da ciência jurídica, os loucos se transformam em verdadeiros ilusionistas, como David Copperfield, tornam-se especialistas em sairem de camisas de forças, deslocam os ombros, soltam algemas, quando de repente estão livres, leves e soltos.

Algo que passa despercebido nos figurinos sociais da vida e não são notados, são os loucos de contrapeso, a sociedade necessita deles, eles dão um equilíbrio na loucura social. Uma sociedade que tem desejo e fascínio pela loucura e precisa de loucos para amenizar suas crises coletivas e sentir-se mais normal. Nela existe a necessidade de se pegar alguém por Cristo, sacrificar um por todos ou canalizar a raiva social na malhação de algum Judas pós-moderno. Há muitas formas de se achar culpados para a culpa que é de si próprio. Muitas maneiras de fantasiar a realidade a fim de moldá-la à necessidade daquele que pretende esconder-se. As sociedades nas suas classes existenciais estão ligadas a loucura e se entregam numa ilusória satisfação de se realizarem na ascensão dos seus loucos emergentes bio-star.

A passagem bíblica do evangelho de Marcos (5.1-20). Conta-se uma história que se encaixa bem em nossa atual realidade social. Jesus havia atravessado o mar da Galiléia e ao chegar na região de Decápolis na cidade de Gadara ou Gerasa, foi-lhe ao encontro um homem possesso de espíritos imundos, ele vivia nos sepulcros e nada o podia prender nem cadeias, nem grilhões, ele os despedaçava. Quando Jesus pergunta o seu nome, o possesso diz “legião é o meu nome, pois somos muitos”. E rogaram a Jesus que não enviassem para fora do país, pediram para entrarem numa manada de porcos que por ali estavam, assim foi e os porcos se precipitaram despenhadeiro abaixo morrendo afogados, vendo os porqueiros o prejuízo se indignaram com a situação, temeram ao encontrar o ex-possesso em perfeito juízo assentado com Jesus. Pediram então para que Jesus se retirasse de lá, saísse da cidade.

O Reverendo Caio Fábio em seu livro “Batalha Espiritual” comenta esta passagem com uma trajetória de contextualizações que revelam não só a história de um homem, mas a história de uma cultura e uma sociedade. As cidades de Decápolis, sua história sócio-política constava um entre e sai de forças que disputavam o poder naquela região, gerando uma cultura de possessão política, econômica, social, a cidade absorveu essa atmosfera adoecida. O Rev. Caio comenta que havia uma relação doentia entre a cidade e o seu possesso de estimação, ele vivia nos sepulcros e não morria de fome, cuidavam dele, as cadeias e correntes que o possesso quebrava não tinha resistência alguma, pois a força de um possesso vai até o limite físico da resistência do osso. Era um contentamento social, um espetáculo de liberdade ver o possesso quebrar as correntes e cadeias, já que não conseguiam quebrar correntes sócio-político-economicas impostas sobre eles. Quando Jesus despossessa o possesso, acaba o show e os moradores ficam aborrecidos. As sociedades necessitam de seus gadarenos, loucos, possessos, para se sentirem normais em meio a impotência e sua própria frustração. As pessoas acabam se realizando pela loucura extravagante do outro. Aquele homem possesso de Gadara, quando questionado, responde a Jesus que seu nome era legião, em meio à opressão e desorganização social o possesso é o único que declara a maior forma de coletividade organizada do momento e denuncia o opressor, as legiões romanas da época, afinal como possesso e louco poderia falar o que quisesse.

Quando não há gadarenos possessos a louca insatisfação de esferas sociais fornecerá a munição para desencadear o transtorno explosivo de críticas, greves, linchamentos e vandalismos, movidos pelo desejo coletivo de extravasar os sentimentos de indignação, impossibilidades e impotência mediante a dura realidade existente no caos social para sobrevivência digna. Mas nos realizamos nas loucas histórias e seus astros iminentes que deram certo. Passamos a amar suas loucuras e nos espelharmos em suas filosofias e vivemos na ilusão nos satisfazendo em frente a tela, como num filme que no fim tudo termina em mil maravilhas ou até em pizzas.

É A LOUCURA QUE DESEJA ?  

Ao  observarmos os explícitos sentimentos agussados e ousados, existentes na esfera da vivencia cotidiana humana, de certa forma, focando o olhar mais para o fascínio das profundas vontades e desejos mais latentes do ser humano, que parecem fugir das normalidades estendidas pela legalista e padronizada razão. Enchergamos o sentimento de desejar não partindo do ser tomado pela razão em seu estado mórbido e lúcido, mas entendemos este desejo como fruto da loucura, que é tida como abstrata, mas é tão real e visível quanto o seu acionário ato concretizado. Que é tida como doença mas sana as carencias em seu mundo e se mostra sem máscaras, sadia.

Essa árvore de densa folhagem, frondosa, frutífera que é a loucura, está carregada de frutos em seus galhos extensos, nela é gerado o suculento fruto do desejo, esta árvore tem suas raízes aprofundadas e afixadas no interior do Ser, na alma, cheio de carencias, com vazios existenciais, medos, traumas, inseguranças, complexos, que são entrelaçados por essas raízes entituladas como ilusões, alucinações, fraquezas, pecados, sonhos e relações.

O desejo como fruto da loucura é uma forma do ser humano não assumir suas vontades, não admitir suas extremas concupsciencias. Transferindo e culpamdo a loucura pela atitude de romper com as regras da correta razão. É a loucura que deseja, almeja, violentamente ultrapassar os limites impostos e estabelecidos pela razão. Só no estado de loucura que o Ser poderia alcansar patamares de sua satisfação egocentrica. Desta forma a loucura seria um estravagante elemento de propulsão para realização do desejo intrinsico do Ser. A externização do que se encontrava embutido na alma, aprisionado em cadeias e cárceres formados por uma consciencia cativa pela razão.

É através da profunda necessidade do ser, de uma carencia instalada na alma, que vai acender no seu ponto de limite, o estado de loucura, na ansia de se encontrar com a realização e a satisfação de suas carencias, sejam elas emocionais, sentimentais, físicas, espirituais, financeiras. O que importa é a realização, no apse da loucura não há olhos para o padrão da razão, das consequencias, do preço a ser pago, não se mede esforços é a ação em busca da satisfação sem medo da razão.

A loucura deseja aquilo que no momento é valoroso, pazeroso, que eleva a uma satisfação pessoal mesmo que seja para alimentar o desejo coletivo. Ela quer a qualquer preço vivenciar essa experiencia nova, ou por mais uma vez experimenta-la. A iniciação do fato, ato, criação, começa com o desejo produzido pela loucura. Como se o Ser fosse atingido derrepentemente por uma flexa de um cupido, que vai gerar um louco desejo ardente. Toda revelação de se próprio, da ardencia deste desejo, mostra-se através de uma erupção de palavras, olhares, gestos, atitudes e reações.

Se não há um desejo a ser revelado pela loucura ela se torna uma verdade ofuscada e oculta em seus sentimentos, não demostrando assim uma figura transparente em sua totalidade aparente, mas com um exteriotipo fragmentado e desgastado no seu prolongado tempo de existência e carência. É por isso que o louco só vai ser louco apartir de uma loucura revelada, da exposição do seu desejo ou da sua atuação na busca pela concretização deste desejo e na própria concretização do ato do consumo.

Não há nada de errado em ser louco para atingir e sancionar suas vontades e desejos, desde que não venhamos ferir a nós mesmos ou quebrarmos os princípios da razão no que tange ao relacionamento com o próximo a natureza e os critérios Divinos. O desejo da loucura vai ter exito no momento em que este louco Ser, tiver uma loucura pensante e não degradante, impulsiva. Obtendo uma consciencia do que é, de onde está, de onde se pode chegar através da loucura ativa pensante. Existe um caminho a ser percorrido até chegar na concretização do desejo, talvéz neste caminho de desafios a loucura se transforme numa intença coragem, determinação e fonte de equilíbrio.

Enxergamos no decorrer da história a loucura do ser se esbaldar em seus tempos e épocas, cada ser com uma retórica diferente, como diz o ditado: “Cada louco com a sua mania”, brincadeirinha, são celebridades da paz, do altruísmo, da beneficiência, longaminidade, do diálogo e da unidade, também célebres sombrios da guerra, dos massacres humanos, da devastação e exploração global, muitos célebres com suas aparentes loucuras, que também ajudaram e contribuíram para desenvolvimento científico, tecnológico e bioético no mundo.

A loucura destemida é confundida com a fé, no seu afloramento ela confronta, enxerga além da realidade, vence obstáculos, produz soluções. A loucura pode ser entendida como genialidade muitas vezes. Muitos homens celebrados pela genialidade tinham grande fé.

Mesmo dentro das mais sombrias chamas incendiárias da vida ela faz ressurgir como phenix a vitalidade do desejo que se havia perdido ou esquecido e apagado. Nessa força excomunal nota-se os diferentes degrais do estado de loucura, na forma do desejo insano avaliado pela consciencia crítica e formalista social política.

A política de regras estabelecidas socialmente e religiosamente através de uma razão maniqueísta irreal, injusta, antiquadra e hipócrita, com princípios manipuláveis e convenientes, gerou uma série de revoluções na história, com surgimento de revolucionários loucos emergentes para suas épocas, incompreendidos, perseguidos, mortos e transformados em mártires, despertadores e iniciadores de uma política que hoje é vista com bons olhos.

A declaração de vias, idéias e conceitos que contrariam os paradigmas acomodados no tempo e tidos como verdades quase absolutas, expostos através dos discurso que emergem das consciencias loucas, soam como uma voz de rebeldia, que transgridem e agridem os detentores da política da razão conveniente. A loucura acaba por assombrar seus valores estabelecidos. A prédica eloquente da intepridez da loucura ousada tem som ameaçador para os ouvidos conservadores e fundamentalistas.

Na ansia de viver a intensidade da vida, em sua total amplitude de emoções, liberdade, saúde e devoções, nascem as facções da loucura e suas tribus, guetos, sociedades, comunidades, regulamentadas cada uma pelo seu próprio desejo, firmadas nas suas vontades mais adversas e inváriáveis. Que lutam incansavelmente pela paz, pelo céu, pelo amor, pelo sexo, pelo dinheiro e outos que se martirizam, recuan-se das mazelas do mundo e suas tecnologias, buscam o prazer na dor do sacrifício de suas vontades e desejos existentes na profana consciencia da loucura assim denominada por eles.

Apesar de uns rejeita-la, outros adorá-la, alguns tem a capacidade de enxerga-la como um mal necessário, ou um bem perigoso. Apesar dos pesares, ela, a loucura, estará acesa na consciência pensante, cheia de revelações expostas pelas reações humanas, transbordantes de desejos, repletos de carencias e sonhos. Através do desejo provindo da ação corajosa da loucura, muitos conquistaram e conquistarão, viverão e viveram, amaram e estão amando intensamente, se alegraram, venceram, descobriram novidades tecnológicas, mataram e morreram, foram queimados vivos, exterminaram cidades inteiras, marcaram gerações, voaram como águias e também foram no mais profundo abismo dos mares, foram para as ruas protestarem, tornaran-se protestantes, produziram arte, romperam com suas incapacidades pessoais, pesquisaram, examinaram, curaram, viram nascer, sorriram e choraram. Este Ser é depende de sua loucura para viver e continuar a desejar com esperança.

Sem olhos preconceituosos, a loucura que deseja, não quer ser julgada, ridicularizada, exposta, classificada, diagnosticada como insãnia mental. Essa loucura está embutida no Ser, como pessoa comum, não anormal, não diferenciada, mas na sua simplicidade de viver e almeijar razões estabelecidas pela sua sã consciencia pessoal.
                                                                                                         *Frâncel Marzork

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Deixe aqui seu comentário

Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.